quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

013 - Contribuição do Pai Marcos Strey (RS) para o Fórum Internacional Permanente



Existem enumeras formas de expressarmos o que pensamos, sentimos ou vivenciamos. Para podermos usufruir dessas enumeras formas de expressão carecemos de liberdade. Sem liberdade não podemos ver, sentir ou se quer ouvir a diversidade. Imagine se das 26 letras que temos em nosso alfabeto, somente pudéssemos utilizar as vogais. Diversidade é a liberdade para usar todas as letras do alfabeto e combinar seus sons a fim de criar a melhor palavra para traduzir aquilo que queremos dizer. Deixo aqui meu respeito incondicional aos escribas das tradições escritas.
A escrita é uma das formas mais utilizadas para registro dos pensamentos, entretanto, a palavra simplesmente grafada carece de expressão. Podemos ler o vocábulo alegria em tom melancólico ou vibrar em tom alegre a palavra tristeza. Aquilo que para mim recebe o nome de “DEUS” é DIEU para o francês, DIO para o italiano, GOD para o inglês, GOTT para o alemão e DIOS para o espanhol. Apesar desta distinção na escrita, todos nós estamos tratando do mesmo assunto e nos reportando a esse ente com o mesmo sentimento de devoção e respeito.
Nas religiões afro-brasileiras, Olorum, Zambi e Tupã são palavras que definem o supremo SER. Contudo, essas palavras somente ganham expressão quando vivenciadas em um rito, gira ou roda. Quem vivencia na prática esses vocábulos sagrados sente em seu ser a diversidade que tanto enriquece nosso EU, que cria e renova o saber.
Quando entrei pela primeira vez no Centro de Cultura Viva das Tradições Afro brasileiras, criado por Mestre Arhapiagha (Pai Rivas), percebi o verdadeiro sentido da palavra diversidade. Observando ali a pluralidade dos assentamentos firmados, cada um representando sua tradição. Encantaria, jurema, candomblé e o batuque, quantos sentimentos e pensamentos bons despertados, ao ouvir da boca de Mestre Arhapiagha saberes ali assentados.
O pensamento que deixo aqui grafado reflete uma parte do meu EU que será somado a outros “EUs”. E quem sabe a liberdade que permite esta diversidade d’eus consiga nos deixar mais próximos de Deus.

Peço a sua Bênção meu Mestre! Axé Baba Mi!

Yarataman (Pai Marcos Strey)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
Dirigente Da Choupana do Caboclo Sr. Ogum Sete Ondas
AUCD – Porto Alegre - RS

Um comentário:

  1. Primeiramente peço licença ao Mestre Yamunisiddha Arhapiagha (Pai Rivas) para humildemente tecer meus comentários nesse significativo blog. Peço licença, também, ao Mestre Yarataman (Pai Marcos Strey) a quem dirijo meus comentários, peço licença a meu Mestre (Pai Antonio Mendes) e, também, a todos os Pais e Mães de Santo que juntamente com seus filhos participam do blog. Muito honrado e feliz em poder sentir a diversidade em vossos dizeres!

    Prezado Mestre Yarataman,

    Um fato muito interessante que percebo a cada texto que leio, são as diferentes direções adotadas para conceituar o tema diversidade. “Diferentes direções” que Mestre Ygbere (Pai Olavo Solera) trouxe na Etimologia da palavra diversidade “A palavra DIVERSIDADE, do latim DIVERTERE, significa: "voltar-se em diferentes direções", DIS = "para o lado" e VERTERE = "virar-se". (YGBERE, 2012). E também, ao mesmo tempo, percebo que, embora “diferentes direções” o fim é o mesmo, vai de encontro ao colocado pelo senhor em seu texto “O pensamento que deixo aqui grafado reflete uma parte do meu EU que será somado a outros “EUs”. E quem sabe a liberdade que permite esta diversidade d’eus consiga nos deixar mais próximos de Deus”. (YARATAMAN, 2012).

    Obrigado por suas palavras tão profundas e inspiradoras!

    Um Aranauam fraterno a todos!

    Erivelton Thomaz.
    Discípulo de Pai Antonio Mendes.
    Seara de Umbanda do Cruzeiro Divino – S.U.C.D.
    O.I.C.D. Sub - sede Seropédica –RJ.

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